segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A FARSA DO RELATÓRIO AUSTRALIANO


Os cientistas céticos, que frequentemente atacam a Homeopatia alegando que ela não tem embasamento em evidências de eficácia, citam à exaustão o relatório do Conselho Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da Austrália (NHMRC) publicado em março de 2015 a qual conclui que não há evidências confiáveis de que a Homeopatia seja eficaz em quaisquer condições de saúde. Esse relatório disparou uma avalanche de manchetes midiáticas no mundo todo denegrindo a Homeopatia.

Destrinchando o relatório:
O NHMRC contratou serviço para avaliar a Homeopatia duas vezes, um primeiro em julho de 2012 e esse de 2015. O primeiro relatório nunca foi divulgado em público e só foi descoberta a sua existência através de solicitações feitas ao Freedom of Information (FOI). Questionada, a NHMRC afirmou que rejeitou o primeiro relatório porque era de má qualidade. Porém, aquele foi realizado por um cientista respeitável e autor das próprias diretrizes do NHMRC sobre como conduzir as revisões de evidências. A insistência da FOI em acessar o primeiro relatório conseguiu que o professor Fred Mendelsohn, membro revisor do comitê de especialistas do NHMRC, declarasse que a primeira revisão era de alta qualidade.

O professor Peter Brooks, presidente do comitê do NHMRC que conduziu a revisão de 2015, apesar de declarar previamente que não era afiliado ou associado a nenhuma organização cujos interesses são alinhados ou contrários à Homeopatia, é membro de um grupo de lobby contra a Homeopatia chamado “Friends of Science in Medicine”.  Outro ponto controverso é que, nas diretrizes do NHMRC, tais comitês revisores devem incluir especialistas no assunto a ser revisado, o que não ocorreu nessa revisão sobre Homeopatia.

O protocolo original da revisão da NHMRC foi modificado retrospectivamente sem serem informados no relatório final. Simplesmente reinventaram critérios que em revisões éticas não se utilizam. O relatório final afirma que foram avaliados 1.800 trabalhos. Porém, foram escolhidos desse número, 176 trabalhos, os de melhor desenho e, portanto, mais confiáveis. Porém, sobre esses 176 trabalhos aplicaram critérios totalmente arbitrários que não são reconhecidos por nenhum padrão científico (incluindo a NHMRC) e nunca foram usados antes por nenhum outro grupo de pesquisa, que era dispensar da avaliação trabalhos com menos do que 150 participantes. Com esse critério, sobraram 5 trabalhos e todos estes desfavoráveis à Homeopatia.  Portanto, o relatório foi baseado em somente 5 trabalhos, embora afirme que foram avaliados 1.800.

Se tivesse avaliado os 176 trabalhos, a equipe de revisão teria de relatar que cerca de 50% deles mostram resultados positivos para a eficácia da Homeopatia, 5% negativos e os 45% restantes inconclusivos. Essa estatística é surpreendentemente semelhante aos achados das pesquisas médicas convencionais.

Em agosto de 2016 a Complementary Medicines Australia, a Australian Homoeopathic Association e a Australian Traditional Medicine Society formularam denúncia na Commonwealth Ombudsman (ouvidoria), afirmando que ouve preconceito e interesse anti-Homeopatia por parte dos membros da comissão de revisão, influenciando diretamente no resultado, e os membros da NHMRC – do CEO para baixo – endossaram publicamente as mesmas visões anti-Homeopatia. Atualmente a NHMRC está também sob investigação do Senado australiano a respeito dos critérios utilizados para elaborar o referido relatório de 2015.

Referências:
HOMEOPATHY RESEARCH INSTITUTE. The Australian Report. Disponível em https://www.hri-research.org/resources/homeopathy-the-debate/the-australian-report-on-homeopathy/  Acessado em 24/11/2018.

THE NATIONAL HEALTH & MEDICAL RESEARCH COUNCIL (NHMROC) AND RESEARCH INTEGRITY. Procedural Irregularities. Disponível em http://www.nhmrchomeopathy.com/procedural.html  Acessado em 24/11/2018.

YOUR HEALTH YOUR CHOICE. Science Fact or Fiction? Senate Exposes NHMRC Did Not Use Accepted Scientific Methods. 20 september, 2018. Disponível em https://www.yourhealthyourchoice.com.au/news-features/science-fact-or-fiction-nhmrc-admits-they-did-not-use-accepted-scientific-methods-2/#gf_1  Acessado em 24/11/2018.

Compilador Dr. Rubens Dolce Filho

quarta-feira, 21 de novembro de 2018

Dia da Homeopatia




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Aos que clamam pelas evidências científicas em homeopatia

Marcus Zulian Teixeira*


Ao discorrermos sobre a homeopatia em diversas situações, frequentemente, notamos que as pessoas reagem com manifestações de desconfiança, questionando sua comprovação científica e a validade terapêutica do método. Proclamada em todos os meios, de forma indistinta e reiterada, a falácia ou pós-verdade de que “não existem evidências científicas em homeopatia” acaba se incorporando ao inconsciente da coletividade, servindo como estratégia para aumentar preconceitos e radicalizar posicionamentos contrários a essa prática médica bissecular.

Fruto da desinformação ou negação dos estudos que fundamentam o modelo homeopático em vários campos da ciência, esse preconceito se retroalimenta de tempos em tempos com matérias e artigos depreciativos publicados nas mídias e redes sociais, as quais, raramente, divulgam os trabalhos com resultados favoráveis à homeopatia. Com o intuito de esclarecer a classe médica e a sociedade em geral, buscando desmistificar posturas dogmáticas culturalmente arraigadas, em 2017, a Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP) elaborou o Dossiê Especial “Evidências Científicas em Homeopatia [1-2], contando com o apoio da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB) e da Associação Paulista de Homeopatia (APH) em sua divulgação na Revista de Homeopatia da APH. O referido dossiê foi disponibilizado em 3 edições: online em português [3], online em inglês [4] e impressa em português [4].

Além de trazer o panorama mundial da homeopatia como especialidade médica e de sua inclusão nos currículos das faculdades de medicina, o dossiê abarca outras revisões sobre as linhas de pesquisa que fundamentam os pressupostos homeopáticos, a saber: princípio da similitude terapêutica, experimentação patogenética homeopática, emprego de medicamentos dinamizados (ultradiluições) e individualizados segundo a totalidade sintomática característica do binômio doente-doença. Analogamente, a eficácia e a segurança do tratamento homeopático estão evidenciadas na descrição de ensaios clínicos randomizados e placebos-controlados, assim como em revisões sistemáticas e metanálises.

Abrindo o dossiê, a revisão “Homeopatia: um breve panorama desta especialidade médica” aborda os aspectos históricos, sociais e políticos da institucionalização da homeopatia no Brasil e sua incorporação aos sistemas de atenção à saúde, descrevendo fatores que levam a população a buscar essa forma de tratamento. Na revisão sobre o Panorama mundial da educação médica em terapêuticas não convencionais”, destaca-se a importância dedicada à incorporação do ensino da homeopatia e da acupuntura aos currículos das faculdades de medicina de inúmeros países, em vista do interesse crescente da população em sua utilização e, consequentemente, da classe médica em seu aprendizado, com propostas direcionadas a estudantes, residentes, pós-graduandos e médicos.

Embasando cientificamente o princípio da similitude terapêutica no estudo sistemático do efeito rebote dos fármacos modernos, a revisão “Fundamentação científica do princípio de cura homeopático na farmacologia moderna” engloba centenas de estudos publicados em periódicos científicos de impacto que atestam a similaridade de conceitos e manifestações entre o fenômeno rebote e a reação vital ou ação secundária do organismo despertada pelo tratamento homeopático. Ampliando essa fonte de evidências, descreve o uso dos fármacos modernos segundo o princípio da similitude, empregando o efeito rebote (reação paradoxal do organismo) de forma curativa.

Justificando a plausibilidade do emprego de medicamentos dinamizados (ultradiluídos) pela homeopatia, o dossiê reúne três revisões que demonstram o progresso da pesquisa básica em homeopatia nas últimas décadas, descrevendo centenas de experimentos e dezenas de linhas de pesquisa que atestam o efeito das ultradiluições em modelos físico-químicos e biológicos (in vitro, plantas e animais): “A solidez da pesquisa básica em homeopatia”, “Efeito de ultradiluições homeopáticas em modelos in vitro: revisão da literatura” e “Efeito de ultradiluições homeopáticas em plantas: revisão da literatura”.

Comprovando que os efeitos positivos do tratamento homeopático não são, exclusivamente, efeitos placebo como se repete indiscriminadamente, a revisão “Pesquisa clínica em homeopatia: revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados controlados” relata os resultados positivos observados em dezenas de ensaios clínicos homeopáticos placebos-controlados para condições clínicas diversas, assim como em revisões sistemáticas e metanálises. Esses resultados são exemplificados em dois ensaios clínicos realizados em importantes instituições de pesquisa brasileiras: “Estrogênio potencializado no tratamento homeopático da dor pélvica associada à endometriose: Um estudo de 24 semanas, randomizado, duplo-cego e placebo-controlado” e “Estudo clínico, duplo-cego, randomizado, em crianças com amigdalites recorrentes submetidas a tratamento homeopático”.

Evidenciando a segurança do tratamento homeopático, a revisão “O medicamento homeopático provoca efeitos adversos ou agravações medicamento-dependentes?” demonstra, em ensaios clínicos placebos-controlados, que os medicamentos homeopáticos produzem mais efeitos adversos do que o placebo, embora os mesmos sejam leves e transitórios. Finalizando, a revisão “O medicamento homeopático provoca sintomas em voluntários aparentemente sadios? A contribuição brasileira ao debate sobre os ensaios patogenéticos homeopáticos” discorre sobre o desenvolvimento histórico e o estado da arte da experimentação patogenética homeopática, utilizada para se evidenciar as propriedades curativas das substâncias (efeitos patogenéticos em indivíduos sadios) que possibilitam a aplicação do princípio da similitude terapêutica.

Apesar das dificuldades e limitações existentes para o desenvolvimento de pesquisas na área, tanto pelos aspectos metodológicos quanto pela ausência de apoio institucional e financeiro, o conjunto de estudos experimentais e clínicos citados, que fundamentam os pressupostos homeopáticos e confirmam a eficácia e a segurança da terapêutica, é prova inconteste de que “existem evidências científicas em homeopatia”, ao contrário do preconceito falsamente disseminado. No entanto, novos estudos devem continuar a ser desenvolvidos, para aprimorar a prática clínica e elucidar aspectos singulares ao paradigma homeopático.

Com a elaboração e a divulgação desse dossiê, sob os auspícios da Câmara Técnica de Homeopatia do CREMESP, esperamos esclarecer e sensibilizar os colegas de profissão sobre a validade e a importância do emprego da homeopatia como prática médica adjuvante e complementar às demais especialidades, segundo princípios éticos e seguros, a fim de se ampliar o entendimento do processo de adoecimento humano e o arsenal terapêutico, incrementar o ato médico e sua resolutividade nas doenças crônicas, minimizar os efeitos adversos dos fármacos modernos e fortalecer a relação médico-paciente, dentre outros aspectos. Dessa forma, poderemos trabalhar unidos em torno da “mais elevada e única missão do médico que é tornar saudáveis as pessoas doentes, o que se chama curar” (Samuel Hahnemann, Organon da arte de curar, § 1).


Referências:

[1] Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Homeopatia: Câmara Técnica de Homeopatia do Cremesp lança dossiê “Evidências Científicas em Homeopatia”. Notícias, 13/09/2017. Disponível em: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=4644.
[2] Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Parceria: Cremesp recebe membros das Associações Brasileira e Paulista de Homeopatia. Notícias, 20/12/2017. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=NoticiasC&id=4819.
[3] Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Dossiê Especial: Evidências Científicas em Homeopatia. Revista de Homeopatia (São Paulo. Online). 2017; 80(1/2). Disponível em: http://revista.aph.org.br/index.php/aph/issue/view/41.
[4] Technical Chamber for Homeopathy, Regional Medical Council of the State of São Paulo (CREMESP). Special Dossier: Scientific Evidence for Homeopathy. Revista de Homeopatia (São Paulo. Online). 2017; 80(3/4). Disponível em: http://revista.aph.org.br/index.php/aph/issue/view/42.
[5] Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP). Dossiê Especial: Evidências Científicas em Homeopatia. Revista de Homeopatia (São Paulo. Impressa). 2017; 80(Supl 1/2). Disponível em: http://www.bvshomeopatia.org.br/revista/RevistaHomeopatiaAPHano2017VOL80Supl1-2.pdf.



*Marcus Zulian Teixeira
Médico homeopata. Doutor em Medicina. Coordenador, professor e pesquisador da disciplina optativa “Fundamentos da Homeopatia – MCM0773” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Integrante da Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CREMESP, 2017-2018). Editor convidado da Revista de Homeopatia (São Paulo).




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